20.9.10

Mídia Impressa no Meio Digital

Mídia Impressa no Meio Digital

A qualidade e potencialidades da Internet, como a hipermídia, podem contribuir com os processos de ensino e a aprendizagem na escola. O ciberespaço tem capacidade de armazenar dados de forma incomensurável, apresenta informações em hipertexto e possibilita interatividade no meio digital.
Em língua portuguesa, por exemplo, pode potencializar o desenvolvimento da leitura e da escrita, já que os alunos são estimulados a se comunicar em um novo meio e com um público que vai além dos muros da escola. Na área de ciências exatas, possibilita a visualização prática dos conceitos, fórmulas e equações em simulações multimídia e interativas.
Enciclopédias, dicionários, livros, website de notícias, bancos de imagens, animações, vídeos... São tantas as informações disponíveis na Internet, nas mais diferentes linguagens e fontes, que não é difícil se perder entre as várias janelas abertas no navegador, em uma espécie de labirinto digital.
A sensação de desorientação é intensificada pelo hipertexto. Esse termo é usado para designar a forma como o texto é estruturado na Internet. Em vez de um fluxo linear, como é comum ao livro impresso, o texto eletrônico é considerado não-linear, à medida que possibilita conexões (hiperlinks) de qualquer parte de um documento a outras partes dele ou a outros documentos. Essa característica permite ao leitor escolher o percurso de sua leitura ou a rota de sua navegação, compondo ele mesmo o texto a ser lido, uma vez que este, como depende da interação do leitor, não está dando a priori pelo meio; é construído o processo da leitura, imprimindo a co-autoria do leitor.
Pressupondo que qualquer texto é passível de diversas interpretações ou que recursos do livro impresso, como índice remissivo também propiciam uma leitura não-linear, não existe novidade proporcionada pelo hipertexto. Deve-se ressaltar, no entanto, que o meio digital permite construir relações não só com textos verbais, mas com sons, imagens, animações, vídeos, princípio que é a marca da linguagem hipermídia.
Neste cenário, os novos modos de acessar e ler textos em enormes quantidades e codificados em diferentes linguagens torna-se um grande desafio para os processos de aprendizagem. Como chegar a algum lugar nesse labirinto? Como estabelecer unidades neste universo de conexões? Como construir conhecimento nesse mar de informações?
Distinguir informação e conhecimento é um primeiro caminho. A construção do conhecimento pelos alunos não depende somente do acesso à informação.
Ao navegar, o internauta interfere no ciberespaço reorganizando o fluxo de informações das quais ele é composto. E é por isso que se diz que, ao navegar, o internauta é, de certa forma,um leitor-autor, porque, ao escolher suas ações, seus “cliques” ele interfere no modo, no tempo e na ordem com que as informações lhe são apresentadas.
Transformar informação em conhecimento envolve negociar sentidos coletivamente, que são assimilados individualmente, por meio de esquemas mentais e externalizados posteriormente, por meio de processo de comunicação para que possam ser recuperados pelos sujeitos em outras situações. Essas habilidades envolvem diversos recursos cognitivos, tais como formulação de hipóteses, análise, comparação e síntese, e pressupõem outras habilidades – leitura de textos não lineares como hipertextos e alfabetização nos códigos das linguagens do ambiente hipermídia.
Para que a pesquisa na Internet seja significativa para o processo de construção do conhecimento do aluno, evitando o famoso “copiar e colar”, é importante uma metodologia focada na aquisição das capacidades requeridas nesse processo e integrada a um projeto de trabalho colaborativo.
A colaboração depende de uma ação recíproca entre duas ou mais pessoas, e quando se realiza no meio digital, via Internet, utiliza-se as ferramentas síncronas e assíncronas e outros recursos facilitadores.
Produzir e publicar na Internet relacionada também à interatividade, outra característica do ambiente Web é a facilidade de publicação de conteúdos. Qualquer pessoa, com habilidades básicas no uso do navegador, pode criar blogs, fotologs, página wiki e até sites.
Essa característica da Internet contribui para o desenvolvimento de projetos pedagógicos em que professores e alunos produzam trabalhos que os qualifiquem como autores, e não como meros consumidores de informação. Desse modo, o aluno e o educador assumem o papel de produtores de cultura, por meio das atividades desenvolvidas na escola.
A publicação na Internet é uma possibilidade de socializar com os conhecimentos produzidos pelo grupo, para que possam ser recuperados posteriormente por outros interessados, em outras situações. Ao mesmo tempo, permite que o sujeito desenvolva habilidades de expressão em diferentes linguagens.
A publicação na Internet é um grande motivador para os alunos que mudam totalmente sua postura, empenhando-se mais em desenvolver as atividades. Como o trabalho será exposto para muitas pessoas, eles tomam mais cuidado com a apresentação, e em relação tanto à qualidade do conteúdo, quanto aos recursos estéticos.
Em outras palavras, os alunos se apropriam dos temas por meio da pesquisa e do processo colaborativo. Uma vez que dominam o tema, sentem-se à vontade para ousar, ser criativo. Resultado: os trabalhos publicados na Internet se tornam mais significativos para os alunos. Além disso a escola se abre para o mundo, e os pais e a comunidade passam a ter maior acesso à produção discente e a valorizar mais a escola. A publicação na Internet é uma oportunidade de incrementar as habilidades de comunicação e de produção de informação dos jovens ampliada cada vez mais pela Internet. A produção do conhecimento e a interpretação de mensagens também dependem da capacidade de atribuir sentido às informações.

Fonte
http://www.educarede.org.br/educa/img_conteudo/volume_III_web_42-46.pdf